terça-feira, abril 27, 2010

Enquanto isso, no cotidiano...



Eu entrei na UFABC em 2009 e por esse motivo fui obrigado a mudar de cidade. Sou natural de Sorocaba, interior de São Paulo e tive um período de adaptação relativamente pequeno aqui na capital. Mas percebi várias diferenças no comportamento e no modo de agir em relação às mais diversas situações entre o povo daqui e o de lá. No caminho entre a minha casa e a Universidade levo aproximadamente 40 minutos e utilizo dois ônibus na ida e na volta. Isso se tornou tão habitual que é comum eu fazer o trajeto bem desligado do mundo, pois ou eu to sempre lendo alguma coisa, ou estou ouvindo músicas, ou dormindo, ou, simplesmente, admirando a paisagem que existe entre Santo André e São Paulo. Hoje, aconteceu um fato muito interessante no ônibus. Eram 21h:45min e o veículo estava com quase todos os assentos ocupados.

Achei um vazio lá no fundo. Do meu lado estava uma mulher e seus dois filhos: o mais velho com uns 10 anos e o mais novo com 2. Não estavam mal vestidos, porém estavam sujos, com chinelos bem gastos e precisando de um banho, com certeza. A princípio nem me incomodei com eles, afinal eu estava com tanto sono que nem prestava atenção no mundo à minha volta. Logo que saímos do terminal urbano o filho mais velho começou a brincar no corredor, mexendo com um e outro passageiro. Inclusive comigo. Ele tinha um brinquedo na mão, bem simples, mas fazia um barulho bem alto. Era notável a reação do passageiro à criança, pois não queria ser incomodado. Quando percebia que não tinha sido bem recebido, o garoto mandava logo um "Me desculpa, não era pra incomodar. Só tava brincando". Aquilo me chamou a atenção.

Comecei então a observar a mãe. Ela não era das mais carinhosas e cuidadosas, mas percebi que estava preocupada com o dinheiro que tinha conseguido na rua. O moleque mais novo estava no assento ao lado dela, chorando. Chegou um momento em que ela, segurando um bilhete de trem, me perguntou: "Viu, que horas são?" - Respondi. "Quanto custa esse bilhete?". Respondi novamente. Ela, então, já foi logo me oferecendo, perguntando se eu queria comprá-lo. Respondi que não precisava, pois não utilizo trem com frequência. Pra não perder o negócio a moça reduziu o valor da venda pra menos da metade do valor do bilhete. Recusei a compra e mesmo assim ela foi cordial em sua resposta: "Brigada moço!"

Pela minha cabeça passaram-se várias coisas sobre o destino do dinheiro, caso ela tivesse sucesso com a venda do bilhete. Confesso que as opções negativas foram maioria, pois ao observar a pouca atenção que ela tinha com o filho mais novo, que estava chorando e provavelmente com fome, era bem defasada. Espero que o destino do dinheiro tenha sido para suprir a necessidade da pequena família.

Aqui no blog tem muitos posts que falam sobre muros que vão além de fronteiras de espaço. Muros que escondem pessoas como essas que vi hoje. Num gancho com o tema preconceito, ao olhar para aquelas 3 pessoas, a primeira impressão que teria-se sobre elas é que são favelados: uma mãe desleichada com dois filhos com o futuro comprometido. Mas ao notar a educação com que se comunicavam com os passageiros do ônibus eu pude ver além desse muro. Eu vi seres humanos, dignos de respeito e com direito aos "seus direitos". Eu não sei onde moram, desconheço o grau de escolaridade da moça e nem sei se os filhos, no caso o mais velho, frequentam uma escola e nem tampouco o que fazem pra ganhar os seu "trocados". Pode ser que a comunidade em que eles vivem seja a responsável pela estrutura social (mesmo sendo pequena) que eles possuem. O que eu aprendi e pude notar nas horas dedicadas a esse projeto ao longo do trimestre é que, muitas vezes, nós somos os responsáveis pela construção dos muros invisíveis. Um simples ato de ignorar uma pessoa, só por ela não estar de acordo com determinados padrões de socialização é o principal material pra que tenhamos um muro invisível e bem sólido!

Grande Abraço,

Hugo.


quinta-feira, abril 22, 2010

Uma Regressão Literária...


Dentre as maneiras que o Ser Humano desenvolveu para se comunicar, chamo a atenção para a Literatura. Esta foi um importante meio de se retratar o mundo, contar histórias, viajar por universos paralelos, enfim, uma maneira de transportar cada indivíduo aos mais diversos territórios, sejam eles descritos num universo de palavras, numa música ou num simples quadro.

No foco do nosso trabalho, muros invisíveis situados nas favelas e periferias, lembro-me da época pré-vestibular, mais precisamente as aulas de Literatura. Acredito que a grande maioria dos nossos leitores já leu, ou ouviu falar da obra clássica brasileira "O Cortiço" de Aluísio Azevedo, 1890. O autor teve o cuidado de retratar o homem em uma comparação ao animal (zoomorfismo) e expor, em cada situação, que os personagens são efeito e não a causa, por morar em um cortiço.

Das facetas retratadas, atento-me à fronteira que existe entre o Cortiço de João Romão (o protagonista) e à mansão existente bem à frente do cortiço. No começo, o que havia no lugar daquelas humildes casinhas da "Estalagem de São Romão" era um imenso terreno baldio, o qual não afetava, em nada, a vida luxuosa e cheia de regalias da qual Miranda, morador e dono da mansão, dispunha.

Dentre vários conflitos entre os moradores, do cortiço e da mansão, no enredo ocorre um fato que transforma o rumo da história de cada um que ali vive: o incêndio que levou à destruição as casas e parte da vida dos habitantes. João Romão, empreendedor que era, não se abalou com tal fato. Simplesmente decidiu reconstruir tudo, só que desta vez direcionou as moradias aos membros da burguesia. O sujeito tinha decidido enriquecer, e viu neste fato a oportunidade perfeita. Pouco lhe importava o destino daqueles cidadãos, pois seu objetivo estava claro.

Aluísio retratou em 1890 os conflitos que nós, os "privilegiados" por viver no século XXI, sentimos tão de perto. Uma análise mais atenta desta obra brasileira nos diz que não é fácil encontrar soluções para problemas antigos, que ao mesmo tempo são tão atuais. Não é preciso ir muito longe pra encontrar vários "ícones" como João Romão, Miranda e "Estalagens de São Romão". A mansão e a Estalagem eram separadas por um muro físico, de concreto, fácil de ser derrubado. Mas o que realmente estava por trás dos tijolos era imenso, talvez um dos maiores muros invisíveis da Literatura Brasileira, que na tentativa de transportar o leitor pra uma realidade fantástica, simplesmente relatou uma das mais cruéis realidades do nosso querido país!



Grande Abraço,

Hugo.

terça-feira, abril 20, 2010

Um muro para pesquisas e projetos que podem literalmente mudar o mundo?

Oi pessoas!!!

Eu sei que o rumo do projeto está decidido e tudo mais, mas eu ví esse vídeo e não me contive! Ele é muito interessante! É uma palestra sobre o crescimento e desenvolvimento das populações no mundo e da dificuldade de mostrar isso ao mundo por causa do monopólio de informação dos países! Um muro para pesquisas e projetos que podem literalmente mudar o mundo vocês não acham??



Tem legenda, viu?

sexta-feira, abril 16, 2010

A Grande Muralha da China



A pedido de algumas pessoas no dia da apresentação, resolvi postar alguma coisa sobre a muralha da china.

Ela foi criada para proteger a fronteira norte do Império Chinês de invasores de tribos nômades oriundos da Mongólia e da Manchúria. A Grande Muralha da China é, na verdade, uma série de muralhas cuja construção começou no século 5 a.C. e que foram unidas pela primeira vez no reinado de Qin Shi Huang, por volta de 220 a. C.


Achava-se que a Grande Muralha tinha cerca de 5 mil quilômetros. Porém, cerca de dois anos de pesquisa, conduzida pela Administração Estatal de Patrimônio Cultural e pela Administração Estatal de Topografia e Cartografia, utilizando-se de tecnologias GPS e infravermelho para localizar algumas áreas que haviam sido ocultadas ao longo do tempo pela ação de tempestades de areia, informou à agência estatal chinesa que a Grande Muralha tem 8.850 quilômetros de comprimento.

Atualmente, a Grande Muralha é um patrimônio mundial da humanidade declarada pela Unesco em 1987. Deste importante ícone no turismo chinês, apenas 3km foram restaurados e a circulação de turistas é permitida apenas em alguns pontos. Longe de Pequim torres da Muralha são usadas como lanchonetes, e em alguns casos, o turista é conduzido até o topo das torres de teleférico e de lá desce por um tobogã. Mais para o interior, camponeses utilizam os blocos com mais de dois mil anos para construção de suas residências.

Um ícone do poder e saber antigo, que foi construído para a proteção do povo chinês, hoje tem que se proteger dos próprios criadores, para sua preservação.





Referências Bibliográficas:

Discovery Channel Brasil - A Grande Muralha da China

Folha Online: Turismo - Grande Muralha da China Desafia e Empolga Atletas

BBC Brasil: Grande Muralha da China é maior do que se pensava, diz pesquisa

Brasil Escola - Muralha da China


quinta-feira, abril 15, 2010

Apresentação: um sucesso!

Ontem, 14/04, apresentamos a rodada inicial do nosso trabalho, onde falamos tudo o que estava rolando aqui no blog e como entrada da apresentação, foi passado um mini-filme de 6 minutos, onde foi feita uma entrevista no bairro Jaraguá, no morro Doce. Abaixo, o vídeo na íntegra, para quem não conseguiu ver ou escutar muito bem.


A apresentação, aparentemente, foi um sucesso e agredecemos à professora e a todos da sala que gostaram da apresentação e parabéns a todos os grupos que foram lá e fizeram o possível pra conseguir expor tudo o que tinha que por levando em conta toda a carga pesada que a universidade exige além dessa disciplina!

Primeiramente, sobre os comentários feitos pelo blog "Rivalidade no Futebol", a gente combinou de acatar bastante, principalmente no fato de deixarmos mais claro nossas opiniões subjetivas e tentar colocar um pouco mais de base histórica. A gente agradece pelos comentários e críticas!

O pessoal do blog da Divulgação Científica, mandou dois bilhetes ao término da apresentação. O primeiro sugeria um documentário ao redor de São Caetano, lugar de fácil acesso por ser na região do ABC e que não possui favelas, porém possui uma grande concentração destas ao redor da cidade. A dica foi acatada e estamos discutindo em ir lá sim! É uma idéia muito viável e boa! Obrigado!

O segundo bilhete sugeria que lêssemos "O menino do pijama listrado" de John Boyne, onde era claramente vista a idéia de "muro", "divisão" na cerca que isola o campo de concentração nazista. Sobre isso, a gente pesquisou e vimos que tem um filme baseado neste livro. O que o grupo está disposto a fazer é ver este filme e talvez ler o livro por curiosidade futuramente. Valeu pela sugestão também!

Enfim, eu particularmente queria falar que tiveram grupos muito bons, tão bons quanto o nosso, e outros que não ficou tão bom mais pelo quesito "timidêz". Acredito que a maioria das pessoas tinham claramente bem desenvolvida uma opinião e idéias para expôr, mas, por falta de experiência de falar em público ou outros motivos, acabaram não conseguindo falar tudo o que tinham pra falar.

terça-feira, abril 13, 2010

O Muro na Favela da Maré (RJ)


Observei, na segunda feira (12/04) uma notícia na televisão de um catador que está protestando sobre um muro que está sendo criado na favela da Maré.


Para quem não sabe, desde 2003 foi colocada em pauta a criação de um muro ao redor da Linha Vermelha, justamente nos trechos em que essas pistas cortam diversas comunidades populares, com a alegação de que a obra vai proteger da poluição sonora os moradores desses locais.
Abaixo há um vídeo do youtube, uma espécie de documentário, com algumas observações e algumas críticas feito pelas pessoas que residem ali na comunidade:



Sobre este assunto ainda, achei um artigo de 2006 feito por Cláudio Rezende Ribeiro, O Muro da Maré, que retrata bem a problematização do que está ocorrendo nessa comunidade. Como ele cita na página 70 deste artigo:

"Considera-se tal manifestação como uma concretização de um rumo perverso que pode se tornar a luta pelo direito à vizinhança. Neste caso, um discurso em nome de um suposto risco que afetaria toda a sociedade, a violência, traz a conseqüência imediata da separação entre as classes que freqüentam o mesmo território, revelando um interessante paradoxo posto que, ao se isolar a comunidade mareense com um muro, pode-se apreender que, na verdade, as maiores vítimas reais do risco violento não serão as supostas “protegidas” pela barreira de concreto, mas as que permanecerão em seu interior, porque, além da violência simbólica da separação, ficarão enclausuradas em áreas detentoras de um violento cotidiano bem mais grave que o dos outros, os do “lado de fora”."


Sobre o protesto:
Luiz Bispo, um catador, fez um protesto na Linha Vermelha dentro de uma gaiola suspensa, contra o muro de acrílico que está sendo erguido no conjunto das favelas da Maré. Ele foi vestido de presidiário, levou um penico, comida e cobertor.

“É uma contradição eles quererem paz no Oriente Médio, unindo palestinos e judeus, e, ao mesmo tempo, construírem esse muro. Esse muro da Maré é o apartheid. Além disso, é uma vergonha uma comunidade não ter pediatra nem ortopedista”, explicou Luiz, que está desde às 8h30 desta segunda-feira (12) na gaiola, onde ele pretende ficar pelo menos mais 30 dias. Segundo ele, a Unidade de Pronto Atendimento da Maré está sem médicos.

O que este senhor disse é de se questionar, pois o projeto estima o gasto de 4 milhões de reais para a construção do muro, algo que pode talvez ser menos importante que o gasto com medicamentos e saúde.

domingo, abril 11, 2010

A periferia de São Paulo pode explodir a qualquer momento

Essa entrevista é com o escritor Ferréz que eu encontrei na Caros Amigos. Essa entrevista é interessante no sentido de mostrar como a falta de um governo que atue seriamente nos problemas de uma cidade afeta e intensifica o muro invisivel do qual estamos falando. A entrevista completa você confere no site:


Ferréz tem 33 anos, é escritor, comerciante e autêntico representante dos sentimentos e das lutas da imensa população que vive na periferia de São Paulo. Ficou conhecido porque expressa com realismo a dureza das relações entre povo e Estado, entre pobres e ricos, entre as precárias condições de vida nas favelas e a repressão policial.

Hamilton Octávio de Souza - Fale um pouco da sua vida, onde nasceu, estudou, o que faz hoje.
Ferréz - Meu nome é Ferréz, eu não uso meu nome de batismo por que eu não acredito no batismo, não acredito na Igreja Católica. Prefiro um pseudônimo, por que é uma coisa que eu inventei também, como a minha carreira. Eu sou vendedor ambulante, eu só vivo com coisa debaixo do braço para cima e para baixo para vender às editoras, sou datilógrafo também, por que escrevo e trabalho com muita coisa para poder ter o básico, então vivo de muita coisa, trabalho de muita coisa. A minha infância foi normal como a de todo moleque de favela, tá ligado? Só não soltava tanto pipa porque meu pai não deixava.

Tatiana Merlino - Mas e o PT em si? O que você se decepcionou com o PT?
Ah! Eu não sei, eu votei num partido que prometeu outras coisas, entendeu? Não prometeu escândalo, não prometeu virar as costas na hora em um julgamento, não prometeu... O PT virou outra coisa, não é o que eu acreditava não. Não estou falando que tinha que ser revolucionário, que tinha que mudar tudo, que todo mundo sair de vermelho, mas era uma coisa que eu acreditava como moleque de favela que a favela ia mudar, entendeu? Mas eu tive que esperar o PCC chegar para mudar a favela, não foi o PT... A sigla foi outra, não foi o PT que mudou a favela, então nessas partes não é um governo autoritário ruim, mas também não é o governo dos sonhos que eu lutei, que eu vendi show, que o Góis morreu na estrada tentando lutar pelo partido, que eu vi muito amigo meu morrendo lutando pelo PT e ficando velho pelo PT, não era isso que a gente queria no poder e eu não tô falando só do Lula, tô falando de todo o partido.

Lúcia Rodrigues - O PCC mudou a favela de que maneira?
De toda a maneira possível que você pensa.

Lúcia Rodrigues - Positivamente?
Depende da visão. Tem gente que pensa que é positivo, tem gente que pensa que é negativo. Mas mudou.

Tatiana Merlino - Você pode falar um pouco dos dois lados, do lado positivo e do lado negativo?
O lado positivo é que a elite não sabe mais o que é a favela, não tem nem noção. O governo não tem noção do que é a favela mais, porque é outra favela, é outra coisa... E o lado negativo é que a população sempre vai ser oprimida.

Tatiana Merlino - O lado positivo é outra coisa como?
Não tem como explicar, assim... Mas mudou, eu, por exemplo, quando eu escrevi o Manual Prático do Ódio a favela era aqui, agora se eu for escrever sobre a favela agora é outra coisa. Por isso eu não escrevo mais sobre a favela, o meu próximo romance não é mais sobre a favela, por que eu não faço mais questão da elite saber o que é a favela não, não me interessa mais...

Lúcia Rodrigues - Mas mudou exatamente o quê? Explica um pouco melhor.
Mudou tudo. Mudou a vida criminal, tem regra, mudou tudo o que você imagina na vida cotidiana da periferia mudou.

Lúcia Rodrigues - É um Estado paralelo dentro da favela?
Poder paralelo? Não, é o poder. Esse negócio de dizer que é o poder paralelo, não existe o poder paralelo, o Estado não manda na favela, quem disse que o Estado manda na favela? A PM vai lá manda o cara por a mão da cabeça e tudo, repudia o cara, mas depois o cara volta a ser da favela, entendeu? Por mais que os caras cerquem um motoboy, cerquem o cara que está dentro do ônibus, bata geral em todo mundo eles vão embora e a favela continua. Então mudou tudo e vai mudar mais ainda, ta em processo de mudança.

Lúcia Rodrigues - Mas houve regras fixadas claras? O que aconteceu?
Há regras fixadas claras e toda uma norma de conduta e de respeito que o Estado nunca conseguiu impor.

Renato Pompeu - Quem impõe?
O crime.

Otávio Nagoya – Para os moleques de dentro você acha que é melhor ou pior?
Por um lado é melhor, por outro lado não. Você imagina que a gente deixou de viver num estado em que você pisava no meu pé e você podia levar uma comigo e eu podia te matar; você podia pisar no meu pé e levar uma comigo e eu ter que me segurar e a gente ter que se segurar, mas ao mesmo tempo nós dois estamos regidos por uma força maior que pode não se segurar, entendeu? Então você pensa o que é melhor: você estourar o seu ódio ali na hora ou você viver sob constante ameaça de um ódio maior.


sábado, abril 10, 2010

Um pouco de conceito!

Figura: Comunidades, identidades e culturas separadas (?) por um muro.

No âmbito de trabalhar os conceitos discutidos em aula, como eu expus em uma das aulas, eu poderia dizer que um muro pode servir para separar identidades ou comunidades. Mas como a professora disse, o muro pode ir muito além disso, da mesma forma como pode separar, o muro pode até unir dependendo do sentido em que está colocado.

Quando o Diego Zuculin fez a entrevista no Morro Doce, descobrimos que eles referem à favela onde moram como "comunidade". É muito interessante notar o sentido de comunidade para uma pessoa que mora na favela. É exatamente como dito por Zygmunt Bauman e exposto pela professora em sala de aula, a "comunidade" a que eles se referem servem para se sentir pertencidos a um grupo para enfrentar as turbulências das dinâmicas de transformações das estruturas sociais.

É legal notar como eles citam "aqui na comunidade", como se aquela comunidade fosse única, o que mostra como eles se sentem inseridos dentro deste termo. Pessoalmente eu não uso este termo no cotidiano (e aqui vai uma subjetividade minha), talvez isso reflita o quanto eles precisam se juntar para enfrentar tais turbulências.

Também é possível notar alí dentro da "comunidade" uma forte identidade. As pessoas lá parecem se divertir muito de uma forma bem simples. Pensando como a Sociologia, Patologia e Angtropologia comtemporâneas, há essa identidade formada no sentido de estarem felizes e, ao mesmo tempo, talvez descontentes com as dificuldades cotididianas. São as tais performances dos sujeitos às diversas situações em que estão submetidos. Por outro lado, o grupo que constitui o outro lado do muro tem identidades provavelmente muito diferentes destas vividas pelo grupo da favela.

Há muito dos conceitos expostos em aula que podem ser citados aqui. E a partir de agora, tentarei expô-los dentro dos textos e artigos futuros. Assim que o vídeo estiver pronto, poderemos fazer algumas análises de conceitos interessantes.


Sobre o andamento do blog!

Já deu para perceber que houve uma centralização do tema "muro" dentro de um contexto de diferenças sociais. Não é mais aquele muro físico, mas sim o tal "muro invisível" que pode separar classes, identidades, comunidades e até culturas.

O blog ficou um tempo parado. Isto aconteceu principalmente por causa da época de provas e grande quantidade de relatórios. Paralelamente, continuamos debatendo assuntos pertinentes ao blog e agora teremos mais tempo para postar o que foi discutido.

O blog tá com um problema de layout e não está abrindo direito no Internet Explorer e nem no Google Chrome, mas no Mozilla Firefox está funcionando ok! Tentaremos resolver isso o quanto antes!

O que vem por aí:
- O Diego Zuculin fez uma entrevista numa favela;
- Estamos tentando definir autores mais consagrados para seguirmos uma linha de pesquisa em cima de uma bibliografia mais consolidada;
- Nas discussões do grupo percebemos uma grande centralização do tema relacionado ao muro invisível -> favela / bairros nobres.

Igualdade na diversidade



Fabiola Ortiz dos Santos
13/04/2008

“Negar os valores africanos é desqualificar a visão do mundo cultural e religioso, isso é negar o nosso direito de reivindicação a tudo o que nos foi tirado e espoliado ao longo da história do povo negro”, considerou Mãe Beata de Iemanjá -liderança religiosa e social, e importante escritora afro-descendente, de renome internacional, na segunda-feira, dia 7 de abril de 2008, na palestra sobre Lições Africanas para a Igualdade na Diversidade Humana: a questão da não-violência, no auditório da Central de Produção Multimídia na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro -CPM/UFRJ. (...)

“Muitos falam de que o negro, por ser em maioria durante a escravidão, poderia ter se rebelado. Mas, por exemplo, a ginga é uma componente nova e muito importante da estratégia de resistência, como mostram diversos autores, entre eles Muniz Sodré, e que nos permitiu estar aqui hoje, falando e sendo escutados cada vez mais”, afirmou Conceição Evaristo, escritora afro-brasileira de renome internacional.

Igualdade na diversidade humana

“Quando falamos em igualdade na diversidade humana e no resgate à cultura africana, não queremos dizer o retorno a uma África mítica, mas trata-se de reconhecermos as sociedades indígenas e modos de vida que se caracterizam por uma aniquilação de nós próprios e do outro”, defendeu Conceição Evaristo. E ainda acrescentou que é preciso ter um olhar atento para a herança da africanidade impregnada na sociedade brasileira, “a idéia de brasilidade traz em si as lições de povos africanos”.

Para ela, as africanidades redesenham o projeto de país que apesar da presença forte da herança africana, o discurso acadêmico e o político deixou de lado muito tempo. “Não há como negar a importância dos africanos e descendentes na construção deste país”. Este olhar para o passado histórico e para o regime de opressão requer algum tipo de resposta, e de acordo com Conceição, não há o objetivo de responder com ódio, mas com ternura e com atitudes para reconstruir a nossa humanidade. “Cria-se um mito de que no Brasil houve uma escravidão benevolente, mas no entanto, os africanos é que responderam com ternura a esta violência”. (...)

Para o Prof. Dr. Evandro Vieira Ouriques, coordenador do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência-NETCCON/ECO/UFRJ, a matriz africana dá lições preciosas de não violência, exatamente por ser uma oposta a “da Filosofia Ocidental de entender que o homem se constitui na ruptura do continuum da natureza, e por isto o pensamento ocidental entende o homem como diferente da natureza. Não é à toa que mais de 2000 anos depois vivemos a presente e crescente crise socioambiental, na qual excluímos a natureza de nossa linguagem (e consequententemente de nosso projeto econômico-político) e excluímos assim nossos semelhantes, nossos irmãos e irmãs de um projeto de Sociedade que pode ser fundado na generosidade que é termos responsabilidade solidária uns com os outros”. (...)





O fragmento acima foi retirado do texto "Igualdade na Diversidade" - disponível no site: Ciranda Internacional de Informação Independente


sexta-feira, abril 09, 2010

Ilha das Flores




A miséria é o tópico central do premiadíssimo trabalho do diretor Jorge Furtado. A utilização de um título que contradiz a trama desenvolvida ao longo do curta foi uma das ótimas idéias apresentadas nesse trabalho. "Ilha das Flores" coloca em pauta a discussão acerca da pobreza, da fome e da exclusão social. Levando-se em conta que foi produzido em 1989, dá para perceber que as coisas não mudaram muito entre o Brasil daquela época e o de hoje.


Ficha Técnica

Diretor:
Jorge Furtado
Elenco: Ciça Rieckziegel
Ano:
1989
Local de Produção: RS, Brasil



O Muro da Vergonha



Uma breve descrição sobre o que vem acontecendo no estado do Rio de Janeiro desde o começo do ano passado com relação às favelas e à construção do chamado pela comunidade de "Muro da Vergonha".

O governo do estado do Rio de Janeiro, no mês de março do ano passado, apresentou à população carioca um projeto que visa a construção de muros para conter a expansão de 19 comunidades carentes espalhadas pelo estado.

Com um orçamento de R$40 milhões, o projeto, segundo as autoridades , tem a intenção de proteger a vegetação nativa remanescente nessas regiões, com aproximadamente 11km de muros e a remoção de 550 casas populares que devem dar lugar à nova construção.

Os muros vêm sendo construídos desde então.

No entanto, é interessante observar, que segundo dados do IPP (Instituto Pereira Passos), o Santa Marta, onde os primeiros blocos de concreto foram alocados, foi uma das favelas que não registrou expansão territorial entre os anos de 1998 e 2008. Pelo contrário, a comunidade encolheu em aproximadamente 1%. Observe o gráfico e as imagens abaixo, com dados do IPP:


Na minha opinião, assim como na de Rocinto Castro, Presidente da Federação das Favelas (como pode ser conferida no vídeo abaixo). A construção destes muros tem a finalidade de isolar a pobreza, como se as favelas não fizessem parte do Rio e aquela população pertencesse a outro lugar, fazendo com que os locais isolados pelos muros se assemelhem aos guetos.




Guetos que separavam os Judeus do resto da população nazista na alemanha e em outras partes da europa ocupadas por Hitler durante os seis anos de duração da Segunda Grande Guerra; aos guetos do regime político do Apartheid na África do sul, instituído no fim dos anos 40, que isolava a população negra nativa e indígena da população branca; aos guetos à que a população palestina é obrigada a viver na faixa de gaza e no interior da Cisjordânia, em consequência da criação do estado de Israel, se eu não me engano no mês de maio, em 1948 e da posterior construção de um muro cercando a Cisjordânia, que isola a população palestina daquela região do oriente médio; e a outras diversas formas de exclusão, que terão espaço em outras linhas deste blog, brevemente.

SOLUÇÕES?

Esses 40 milhões de reais, poderiam ser usados, por exemplo, para o início de um programa de melhoria das habitações, de contrução de casa populares no lugar das moradias mais simples, enfim, o argumento colocado pelo poder público para a construção dos muros – preservação ambiental – mostra-se frágil quando confrontado com os dados que tratam da opinião dos moradores e da expansão da favela como é mostrado na imagem acima.

Um plebiscito foi realizado na Favela da Rocinha, no dia 25 de abril de 2009. A consulta foi promovida pela Associação de Moradores da Rocinha e foi encerrada com um total de 1173 votos, dos quais 1111 foram contra os muros, 56 a favor e 6 nulos. Isso mostra a insatisfação da comunidade.

Pesquisando um pouco mais sobre o assunto, me deparei com uma descrição do escritor Português, na minha opinião, um excelente escritor, José Saramago, sobre o assunto:

"Cá para baixo, na Cidade Maravilhosa, a do samba e do Carnaval, a situação não está melhor. A ideia, agora, é rodear as favelas com um muro de cimento armado de três metros de altura. Tivemos o muro de Berlim, temos os muros da Palestina, agora os do Rio. Entretanto, o crime organizado campeia por toda parte, as cumplicidades verticais e horizontais penetram nos aparelhos de Estado e na sociedade em geral. A corrupção parece imbatível. Que fazer?"

Que fazer?

Encontrar a solução para o problema das favelas certamente não é tarefa fácil. O fato é que a construção destes muros, está longe de ajudar a população que vive nas comunidades. Pelo contrário, só traz a segregação e a exclusão dos moradores da favela.

Já Dizia Adoniran...

Abaixo, uma das geniais letras de Adoniran Barbosa, pra mim, o maior nome do samba paulista, que conta a história de um despejo na favela.



Despejo na Favela (Adoniran Barbosa)

Quando o oficial de justiça chegou
Lá na favela
E contra seu desejo, entregou pra seu Narciso, um aviso pra uma ordem de despejo
Assinada, seu doutor , assim dizia a petição:

Dentro de dez dias quero a favela vazia e os
barracos todos no chão.
É uma ordem superior,
Ôôôôôôôô Ô meu senhor, é uma ordem superior

Não tem nada não, seu doutor, não tem nada não
Amanhã mesmo vou deixar meu barracão
Não tem nada não, seu doutor, vou sair daqui, pra não ouvir o ronco do trator
Pra mim não tem problema em qualquer canto me arrumo de qualquer jeito me ajeito
Depois o que eu tenho é tão pouco minha mudança é tão pequena que cabe no bolso de trás.






Mas essa gente aí, hein?! Como é que faz?


(Alguma semelhança à primeira imagem deste post? Justiça?Religião? Esperança? Força? Fé?)

E quanto a você, caro leitor, considera este muro solução?

Para mais informações acesse o site:
Observatório de Favelas

E não deixem de conferir o vídeo acima.



quarta-feira, abril 07, 2010

Será que essa seria uma solução para o muro?


Galeraaaa!!!
Hoje foi o primeiro dia da rodada de apresentações...
Os projetos estão ficando realmente muito legais...
Parabéns!!
Semana que vem é o nosso...
Em preparação!!!


Bom, hoje estava eu no carro ouvindo a rádio cultura, quando passou uma notícia e, apesar de eu não estar prestando atenção, peguei umas palavras. Entre elas, duas me chamaram a atenção: favela e arquitetura! Fui pesquisar (afinal, o tema do projeto é esse né?). Olha que legal o que eu achei:



É um projeto apresentado na IV Bienal Internacional de Arquitetura de Rotterdam, cujo objetivo é "integrar a favela de Paraisópolis ao bairro (Morumbi), retirando-a da informalidade". O que é mais legal é que a proposta é em parceria com a União dos Moradores!

Será que essa seria uma solução para o muro?

É plausível, considerando que um dos principais motivos para a dificuldade de realocar os moradores seja a mudança de lugar, já que suas vidas, amigos e até mesmo seus empregos estão nas moradias informais que ocupam.
Muito legal a proposta!


Comentem ai pessoas!!!
Beijos
=**

quarta-feira, março 24, 2010

Listinha!!! =]


Aê povo!!!

Começamos as entrevistaaaaas!!!! Uhuuuull!!!
Na verdade, o Zuca começou... As primeiras foram feitas com uns amigos do grupo de samba dele... E as próximas logo menos tão aí...
Fui falar com a teacher e ela deu algumas dicas para as entrevistas... Aí, eu acrescentei umas dicas minhas e fiz uma listinha de como proceder. É sempre bom estar preparado!!

Listinha!!!
1. Galera, todo o jeito de entrevista é válido! Levem todos os tipos de aparelho para a captação de imagem e som disponíveis em suas casas (câmera, gravador, filmadora). Levem também um mol de papel e trezentos lápis número 2 (e apontador, né?)!!!
2. Autorizações - levar dois mols (afinal, ninguém quer ser processado)!!!
3. As questões devem estar prontas na cabeça de todo mundo! E nada de questões que induzam o pensamento da galera, como: "o que você acha da diferença social que existe aqui?". Ao invés disso, as perguntas devem dar margem para a interpretação do entrevistado, já que o que a gente quer é a visão de mundo dele... Então, valem perguntas como: "o que você acha daqui?" ou "você mudaria alguma coisa aqui?".
4. Tempo é dinheiro! Então nada de um entrevistar e o resto ficar olhando a paisagem... Cada dupla no seu quadrado fazendo sua parte das entrevistas!!! Quanto mais material, mais análise e mais rico o trabalho fica (e mais probabilidade de tirar A a gente têm)!
5. Os entrevistados podem se sentir "invadidos" com as fotos ou entrevistas (daí a importância das autorizações). Mas se isso acontecer, bola pra frente!!! Como disse a teacher: se a gente quebra a cara, posta no blog, faz disso uma experiência e enriquece ainda mais o material de pesquisa.
6. Pelo amor de Deus povooo!!! Nada de discriminação! Cada um tem sua opinião e você tem que aceitar isso. Como diria meu pai: "respeito é bom e conserva os dentes!!!"
7. Diversão é essencial! Tem como fazer o trampo e se divertir? SIMM!!!! Tudo tem limites, mas risada e canja de galinha não fazem mal a ninguém...

E é isso ai meus queridos!!!
O trabalho enobrece o homem, então vamo trabalha!!!
E para o povo do meu grupo: RESPEITEM A SAIA!!!!


Bjinhoss
=**


sexta-feira, março 19, 2010

Nem tudo são ecolimites... Mas tudo não são só muros...

Pois é... o muro nas favelas é realidade irreversível!!

O interessante é a adaptação dos moradores na tentativa de minimizar os impactos sociais causados pela construção dessas "muralhas". A Associação de Moradores da Rocinha, juntamente com a Federação de Favelas do Rio de Janeiro, chegou a um acordo com o Governo do Rio: substituir os muros de 3 metros por "uma combinação de trechos de trilhas ecológicas, com áreas de descanso para as pessoas que se deslocam com dificuldade, pistas para patins e bicicletas e praças com jogos infantis, alternados com trechos de muros de apenas 90 centímetros de altura". Os muros mais altos serão construídos apenas em trechos com risco de deslizamento e foi oferecida a possibilidade de "contratar" guardas florestais da própria comunidade para fiscalizar os ecolimites.

A diretora da SOS Mata Atlântica, Márcia Hirota, aponta também que o desmatamento não vem só das favelas, mas também "condomínios e casas de luxo, hotéis e pousadas". Ela alerta a população urbana da necessidade de proteger a mata. Agora, se o objetivo final é proteger a mata, por que fazer o muro cercando a favela e não toda a extensão de mata atlântica remanescente??

Nesse texto é ressaltado outro motivo para a construção do muro que eu acho que ainda não foi abordado no blog: a criação de um cerco ao tráfico de drogas.

Link: Favela substitui muro por caminhos ecológicos
Fonte: Terramérica - Meio-Ambiente e Desenvolvimento

Bjoo
=**

domingo, março 14, 2010

Lula vai a Israel com intenção de mediar negociações com palestinos

Denise Chrispim Marin - O Estadao de S.Paulo

Com uma oferta de mediação brasileira apresentada em 2003 e ressuscitada agora no fim do mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inicia amanhã uma visita oficial a Israel e aos territórios palestinos em um momento especialmente delicado para as negociações de paz, que os Estados Unidos desejam mediar.

Ao desembarcar hoje em Tel-Aviv, Lula chegará com uma bagagem potencialmente explosiva: sua insistência em levar mais interlocutores para esse difícil diálogo, entre os quais o Brasil, e em interferir nas discussões internas entre a Autoridade Palestina (AP) e os radicais do Hamas.

No auge das pretensões, o Brasil quer até mediar diretamente o diálogo entre o Fatah e o Hamas, que tomou o controle da Faixa de Gaza em junho de 2007, após derrotar as forças de segurança do movimento laico.

Ontem, o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, partiu de Israel, encerrando seu esforço para fazer avançar as negociações indiretas entre palestinos e israelenses. Sua visita foi prejudicada pelo anúncio de Israel de que pretende construir 1.600 casas em Jerusalém Oriental.

O argumento básico de Lula em favor de novos interlocutores é embalado pelo fracasso da mediação dos EUA. Um ministro próximo a Lula esmiuçou assim, na semana passada, a crítica à atuação de Washington: os EUA são parte interessada, estão atrelados ao ponto de vista de Israel. A mesma fonte lembrou que, apesar dos avanços iniciais nas negociações que mediou, a Casa Branca não conseguiu fechar um acordo capaz de permitir a convivência pacífica e segura entre os dois lados.

"O Brasil está interessado em integrar esse processo, quer jogar em favor da paz. Mas não vai se apresentar como um salvador da pátria", disse o ministro. "Se a negociação ficar pendurada nos EUA, não sei se funcionará."

País insuspeito. A primeira vez em que Lula se ofereceu para contribuir para a paz entre israelenses e palestinos foi em dezembro de 2003, quando se encontrou no Cairo com Nabil Shaath, então chanceler da AP. Segundo um diplomata, o mundo árabe recebeu bem a oferta pelo fato de o Brasil ser considerado um "país insuspeito", sem interesses políticos ou econômicos na região.

Em novembro, Lula insistiu na oferta de mediação brasileira ao receber os presidentes de Israel, Shimon Peres, e da AP, Mahmoud Abbas. Apesar das negativas à interferência mais incisiva do Brasil, a Presidência e o Itamaraty insistem na possibilidade.

Fonte: O Estado de São Paulo
Publicação: 14/03/2010

terça-feira, março 09, 2010

Ele ainda está la!


"Caminhando por uma avenida larga limpa e bonita, vejo no horizonte grande lojas de departamentos, esbanjando suas marcas através de painéis brilhante e chamativos, prédios com arquitetura inovadora, traços que nós fazem pensar no impossível de como se sustentam, a limpeza das ruas excelente, sem lixo ,sem neve (mesmo após uma breve queda de neve) somente o concreto, pedras e terra que foram posicionadas pelo homem formando algo artificial.


Continuamos a conhecer a cidade , só que de ónibus turístico, para conhece-la mais adentro, continuamos vendo belezas que o homem, com poucas técnicas construiu e destruiu, reparo em algo até então normal, estações de metro a poucos metros uma dá outra, formando uma rede enorme de trilhos abaixo de nós, continuamos a andar e um imponente muro se destaca na paisagem e após passarmos por ele o cenário começa mudar, as grandes lojas viram vendas e lojas de pouco renome, os prédios se tornam comuns sem graça, feito de pré moldados parecendo caixas de sapato, os metrôs viram bondes elétricos e as estações que cituam ali, não são as mesmas do outro lado, Sim! ainda existem monumentos historico de tirar o folego, porém as ruas não mais sem neve, lixo nao existe devido a educação dos moradores, o cenário mudou não temos mais riqueza, e também nao temos pobreza e sim mudanças bem visiveis no cenário."

Flávio Albertine Diaferia


Agora, caro leitor, você deve estar me perguntando a que lugar estou me referindo, e revelo que é de Berlim- Alemanha e mesmo após 21 anos de sua queda ELE AINDA marca suas diferenças.



Referências: Relato de viagem de Flavio Albertine Diaferia de ida recente à Alemanha. Maiores informações no texto:


Vinte anos após a queda do muro, G1 atravessa Berlim de oeste a leste


sábado, março 06, 2010

Alguns Muros Invisíveis


Brasil, 1988: Constituição Federal

"Artigo 6°. São direitos sociais a educação, o trabalho, a saúde, a moradia, o lazer, a segurança, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição."



Documentário: Muros Invisíveis - Parte 01



Documentário: Muros Invisíveis - Parte 02




Eu encontrei um documentário dividido em 2 vídeos que aborda o tema que nós estamos expondo nesse pequeno espaço. Todos nós já vimos em todos os veículos de comunicação o tema da "desigualdade social" aqui no Brasil e no exterior. É claro que a nossa realidade não precisa ser explicada, uma vez que exposta ao microscópio senso crítico e da análise é muito fácil mostrar a vida das pessoas, como as do documentário. O "enredo" do "filme" gira em torno do DESPEJO do pessoal que mora em Paraisópolis, São Paulo. A ação da prefeitura deve-se à canalização de um córrego que passa bem no meio da favela.

Podemos notar a reação dos habitantes daquele lugar, os quais referem-se à favela como "lar" e onde sentem-se seguros. O depoimento da pequena Dandara chama a atenção, quando aponta para o outro lado da rua dizendo que já foi chamada de "lixo" pelas "muié" que não gostam deles. LIXO?!

Esse muro não é fisico, mas abalou a estrutura de todos os que ali moram. Ali é o lar, o trabalho, a VIDA de um ser humano. Estar numa favela não torna o cidadão um ser à margem da sociedade que não possui identidade.


Links para os vídeos:
Parte 01
Parte 02


quinta-feira, março 04, 2010

Repressão Terceirizada

Hoje em dia até a repressão é terceirizada... Dá pra acreditar?

A Europa iria bloquear a ajuda financeira aos países africanos de “saída” e de “trânsito” de imigrantes que não os ajudassem a combater os clandestinos. E quem você acha que deixou de ajudar, já que a maior parte desse dinheiro vai para o bolso da população mais rica dos países africanos?

E vai pensando que os "ilegais" são um bando de analfabetos sem estrutura... Tem médico, engenheiro, economista, poliglota... De tudo um pouco! Agora alguém pode por favor me explicar:

Por que a União Européia pode fechar suas fronteiras aos africanos e pedir aos marroquinos que concedam direito de asilo aos mesmos?

A Europa é "boa demais" para os africanos? E por que marrocos não pode conceder esse direito? Revoltante!

Na íntegra: Viagem ao "muro" europeu

Publicação: Le Monde Diplomatique - 21/06/2007


Muro da Vergonha!


Mais uma reportagem sobre os muros das favelas do Rio...

É impressionante até onde vai a cara-de-pau do governador do Rio (Sérgio Cabral). O pior é a tentativa de se justificar... Como pode falar que as pessoas aprovam isso? Será que alguém foi para dentro das favelas perguntar alguma coisa para os moradores?? Eu duvido...

A razão mais plausível para a construção desses muros é a falta de esforço político para mudar a situação do país... É muito mais fácil esconder o problema embaixo do tapete (ou atrás do muro como é o caso...). Como diz o texto: "estão transformando as favelas brasileiras em guetos!".

Existe um filme com esse assunto: um filme francês chamado "Bairro 13"! Ele conta a história de um bairro que é cercado por um muro e, como o muro não adianta para nada, resolvem jogar uma bomba no bairro e matar todo mundo!! É só o que falta aqui no Brasil...
Melhor os governadors não verem esse filme... Vai que eles se inspiram, né??

Link do texto: O Brasil quer o seu muro da vergonha


Uma reportagem para entender o que está acontecendo no RJ!!



Achei uma reportagem para complementar o post da revista Caros Amigos que eu tinha colocado. Fiquei tentando muito tempo colocar a matéria aqui, mas o site bloqueia o famoso ctrl c, ctrl v, então eu estou mandando o link da matéria para quem tiver interesse.

Link: Estado já começa a erguer muro na Rocinha


Boa Noite


ONU critica construção de muro em favelas do Rio


GENEBRA - Um perito da ONU acusa a construção de um muro em favelas no Rio de Janeiro de estar iniciando uma "discriminação geográfica" no País. O governo viveu um verdadeiro constrangimento na ONU ao tentar defender seus programas sociais, enquanto o Brasil era acusado de ser um "país da impunidade". Os peritos da entidade criticaram a corrupção e a falta de acesso da população à Justiça. Mas o maior constrangimento foi gerado pela falta de respostas claras do governo em relação aos problemas sociais enfrentados no País, o que deixou as Nações Unidas irritadas.

Leia mais aqui.
Publicação: O Estado de São Paulo 06/03/2009



Um outro tipo de muro...

Esse texto escrito pelo Mc Leonardo é da revista Caros Amigos, o qual é uma revista mensal e praticamente é composta por colunas de diversos autores. Nesse texto ele faz referência ao muro que o governo do Rio de Janeiro começou a construir esse ano para proteger a Mata Atlântica, isso gerou um protesto grande entre a população que vive na favela.

Não ao muro!





Todos aqueles que nasceram e foram criados em favelas têm algumas histórias de pessoas que foram em nossas casas e ao sair sofreram algum tipo de abordagem preconceituosa por parte de algum policial. A mais comum é a que o policial depois de ter tirado até os sapatos da pessoa ali mesmo no meio da rua, levanta o queixo da pessoa e com uma lanterna apontada pra dentro do nariz, faz a seguinte pergunta:


- O que você faz aqui?


E seja lá qual for sua resposta, se ele notar que você não é dali vai finalizar a péssima abordagem com a seguinte frase:

-Isso aqui não é lugar pra você.

Sabemos que todas as pessoas que freqüentam as favelas esporadicamente, por ter parentes, amigos ou desenvolver algum tipo de trabalho nessas localidades, reclamam dos constrangimentos que passam nessas situações.

Atitudes como essa nos mostram que o muro que envolve a favela é muito antigo, grande, resistente, mas não é impossível de ser derrubado, pois cada vez mais as favelas estão sendo frequentadas por muita gente de diferentes lugares.

O presidente da Associação de Moradores da Rocinha (Chaulin,deu a sugestão de um anel viário, que serviria de calçada para visitação turística na favela, como também de visitação dos favelados à floresta, e a secretária do meio ambiente respondeu que a decisão do governador (de botar um muro de mais de 2 quilômetros e três metros de altura em volta da Rocinha) é irreversível.

O governo diz que vai fiscalizar de helicóptero constantemente para que os muros não virem a primeira parede de novas casas dos dois lados do muro, se vai haver fiscalização pra que murar?

Proponho que enquanto o assunto não for plenamente discutido com que vai conviver com essa apartheid, não se construa muro nenhum.

Enquanto isso, que tal despoluir a Baía de Guanabara, a Lagoa Rodrigo de Freitas, a Lagoa de Marapendi...

Mc Leonardo




Link da coluna: Não ao Muro!
Publicação: Revista Caros Amigos - Junho 2009


Sobre o Muro de Israel


Olá, hoje (04/03/2010) a folha de são paulo registrou no caderno "Brasil" uma mini-reportagem a respeito da visita que nosso presidente, Lula, fará em Israel e na Cisjordânia. Segue na Íntegra:

A BBC Brasil ouviu palestinos e israelenses sobre a viagem de Lula, em duas semanas. Ele vai passar metade do tempo na Cisjordânia e metade em Israel.
O parlamentar palestino Faez Saqqa elogiou e disse que "Lula poderá ver de perto o muro que Israel construiu e divide Belém em duas partes".
A diplomata israelense Dorit Shavit disse que "a decisão não surpreende, pois em seu discurso Lula sempre cria a simetria". E que Israel "está muito contente com a visita, pois está ciente da importância do Brasil".

Fonte: Folha de São Paulo (04/03/2010).

Os diferentes muros sociais que se erguem no mundo contemporâneo





As cidades muradas da Idade Média eram constituídas para proteger suas comunidades do invasor, da barbárie. Os muros de nossa história contemporânea – construídos por Israel na Cisjordânia, no lado leste da Palestina e pelos Estados Unidos, na fronteira com o México – por trás de uma função comum, que é "tentar impedir, de modo absoluto, a transposição, pela população, da fronteira entre duas unidades políticas distintas", diferenciam-se do seu congênere mais famoso de nosso passado recente, o muro de Berlim.

As fronteiras, obsoletas no conceito popular da globalização, estão longe de acabar, mas passam por uma profunda reformulação, avaliam os pesquisadores. "Conforme várias vezes afirmou o geógrafo Milton Santos – pensador atual que melhor refletiu sobre o tema – da mesma forma que as fronteiras podem ser um instrumento de coação e controle, também se apresentam como instrumento de proteção e de emancipação das sociedades nacionais", afirmam.

Pouco comentado, o "Muro do México" (ou "Muro do Império", como preferem alguns) que separa este país dos Estados Unidos, vai da praia de Tijuana, no Oceano Pacífico, e se estende sem interrupção por toda a fronteira entre os dois países até chegar no rio Grande. Começa a 150 metros mar adentro, como uma armação de 8 metros de altura de barras de aço e concreto, e se transforma numa linha de alambrados, paredes de concreto ou marcas de pedra. Alguns pontos estratégicos são vigiados com rigor, usando-se de câmeras, luzes e sensores eletrônicos, controlados pela polícia de fronteira.

Estudos da Universidade de Houston mostram que de 1994 até hoje morreram mais de 2,2 mil pessoas tentando atravessar a fronteira. O ano de 1994 marca a criação da Operation Gatekeeper, na Califórnia, especializada na vigilância da fronteira. Até aquele ano, o número de mortes vinha diminuindo, mas passa a crescer em 1995. Um aumento significativo é registrado entre os anos de 1999 e 2000, pulando de 250 para mais de 350 mortes por ano. Em quase 30 anos de história, morreram entre 800 e 1 mil pessoas tentando atravessar o muro de Berlim.

Muro Ético

Já o muro localizado no Oriente Médio, que adentra territórios palestinos ocupados por Israel teria outra natureza. "Esse é um muro étnico, da recusa de integração entre povos, da recusa da paz", dizem os pesquisadores. Alegando questões de segurança, o governo de Israel está construindo uma barreira de mais de 700 km na Cisjordânia.

Com exceção do governo norte-americano, as principais lideranças internacionais têm condenado, com alguma veemência, Israel pela construção do muro. A fronteira que ele estabelece vai além da chamada "linha verde", marco internacionalmente reconhecido como limite de Israel. Em artigo intitulado "Muro, humilhação e roubo", o lingüista e ativista político americano de origem judaica Noam Chomsky questiona os argumentos de segurança para sua construção. "O que o muro realmente faz é tomar terras palestinas", afirma. Segundo ele, a área que Israel está tomando para si possui os melhores recursos naturais da região. Os colonos israelenses instalados nesse território terão garantido o direito de uso da terra; já os palestinos precisarão reivindicar o direito de "viverem em suas próprias casas", afirma Chomsky. Após a pressão internacional, Israel anunciou que alterará o desenho atual do muro, aproximando-o – mas não o igualando – da "linha verde".

Fonte: Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência