sábado, abril 10, 2010

Igualdade na diversidade



Fabiola Ortiz dos Santos
13/04/2008

“Negar os valores africanos é desqualificar a visão do mundo cultural e religioso, isso é negar o nosso direito de reivindicação a tudo o que nos foi tirado e espoliado ao longo da história do povo negro”, considerou Mãe Beata de Iemanjá -liderança religiosa e social, e importante escritora afro-descendente, de renome internacional, na segunda-feira, dia 7 de abril de 2008, na palestra sobre Lições Africanas para a Igualdade na Diversidade Humana: a questão da não-violência, no auditório da Central de Produção Multimídia na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro -CPM/UFRJ. (...)

“Muitos falam de que o negro, por ser em maioria durante a escravidão, poderia ter se rebelado. Mas, por exemplo, a ginga é uma componente nova e muito importante da estratégia de resistência, como mostram diversos autores, entre eles Muniz Sodré, e que nos permitiu estar aqui hoje, falando e sendo escutados cada vez mais”, afirmou Conceição Evaristo, escritora afro-brasileira de renome internacional.

Igualdade na diversidade humana

“Quando falamos em igualdade na diversidade humana e no resgate à cultura africana, não queremos dizer o retorno a uma África mítica, mas trata-se de reconhecermos as sociedades indígenas e modos de vida que se caracterizam por uma aniquilação de nós próprios e do outro”, defendeu Conceição Evaristo. E ainda acrescentou que é preciso ter um olhar atento para a herança da africanidade impregnada na sociedade brasileira, “a idéia de brasilidade traz em si as lições de povos africanos”.

Para ela, as africanidades redesenham o projeto de país que apesar da presença forte da herança africana, o discurso acadêmico e o político deixou de lado muito tempo. “Não há como negar a importância dos africanos e descendentes na construção deste país”. Este olhar para o passado histórico e para o regime de opressão requer algum tipo de resposta, e de acordo com Conceição, não há o objetivo de responder com ódio, mas com ternura e com atitudes para reconstruir a nossa humanidade. “Cria-se um mito de que no Brasil houve uma escravidão benevolente, mas no entanto, os africanos é que responderam com ternura a esta violência”. (...)

Para o Prof. Dr. Evandro Vieira Ouriques, coordenador do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência-NETCCON/ECO/UFRJ, a matriz africana dá lições preciosas de não violência, exatamente por ser uma oposta a “da Filosofia Ocidental de entender que o homem se constitui na ruptura do continuum da natureza, e por isto o pensamento ocidental entende o homem como diferente da natureza. Não é à toa que mais de 2000 anos depois vivemos a presente e crescente crise socioambiental, na qual excluímos a natureza de nossa linguagem (e consequententemente de nosso projeto econômico-político) e excluímos assim nossos semelhantes, nossos irmãos e irmãs de um projeto de Sociedade que pode ser fundado na generosidade que é termos responsabilidade solidária uns com os outros”. (...)





O fragmento acima foi retirado do texto "Igualdade na Diversidade" - disponível no site: Ciranda Internacional de Informação Independente


2 comentários:

  1. ooi, muro (:

    dei uma olhada no blog de vocês. legal o tema.
    procurei pra ver se vocês já tinham citado, mas não vi. (a não ser que eu tenha deixdo passar, o que é beeem possível ^^)
    tava lendo essa semana O menino do pijama listrado, de John Boyne.
    ele conta a história [spoilers] de um menino alemão, filho de um militar, que se muda pra uma casa que vigia um campo de concentração judeu.
    o tempo todo ele cita uma grade, que circunda esse campo. e ele tenta entender o que saignifica essa grade, o que ela divide, porque ela existe.
    assim que li a aba do livro 'Cercas como essa existem no mundo todo. Esperamos que você nunca se depare com uma delas.' e o livro em si lembrei do tema de vocês.
    indico muuito esse livro, não só pelo tema, mas pela leitura em si *-* é liiiindo!
    http://www.digestivocultural.com/colunistas/imprimir.asp?codigo=2418 ai tem uma críticazinha do livro, que resume bem a história. (aviso: o final é triste e te deixa sentimental. DD: HAHAHAHAH)

    beeijos**:

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  2. Lutar por igualdade, criando separações raciais, onde tudo e todos são da mesma cor e visão politica!?
    O Brasil NUNCA se envolvera por completo em movimentos separatistas raciais,onde o oprimido se sente no direito de obter compensações raciais da sociedade,onde a figura do opressor tem endereço e cor de pele especifico!Tudo como se os nossos filhos fossem obrigados a carregar uma "divida" e "historia" que não nos pertence!

    O fanatismo racial, só ira limitar o homem a 4 paredes de um templo de ideologias.

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