quinta-feira, abril 22, 2010

Uma Regressão Literária...


Dentre as maneiras que o Ser Humano desenvolveu para se comunicar, chamo a atenção para a Literatura. Esta foi um importante meio de se retratar o mundo, contar histórias, viajar por universos paralelos, enfim, uma maneira de transportar cada indivíduo aos mais diversos territórios, sejam eles descritos num universo de palavras, numa música ou num simples quadro.

No foco do nosso trabalho, muros invisíveis situados nas favelas e periferias, lembro-me da época pré-vestibular, mais precisamente as aulas de Literatura. Acredito que a grande maioria dos nossos leitores já leu, ou ouviu falar da obra clássica brasileira "O Cortiço" de Aluísio Azevedo, 1890. O autor teve o cuidado de retratar o homem em uma comparação ao animal (zoomorfismo) e expor, em cada situação, que os personagens são efeito e não a causa, por morar em um cortiço.

Das facetas retratadas, atento-me à fronteira que existe entre o Cortiço de João Romão (o protagonista) e à mansão existente bem à frente do cortiço. No começo, o que havia no lugar daquelas humildes casinhas da "Estalagem de São Romão" era um imenso terreno baldio, o qual não afetava, em nada, a vida luxuosa e cheia de regalias da qual Miranda, morador e dono da mansão, dispunha.

Dentre vários conflitos entre os moradores, do cortiço e da mansão, no enredo ocorre um fato que transforma o rumo da história de cada um que ali vive: o incêndio que levou à destruição as casas e parte da vida dos habitantes. João Romão, empreendedor que era, não se abalou com tal fato. Simplesmente decidiu reconstruir tudo, só que desta vez direcionou as moradias aos membros da burguesia. O sujeito tinha decidido enriquecer, e viu neste fato a oportunidade perfeita. Pouco lhe importava o destino daqueles cidadãos, pois seu objetivo estava claro.

Aluísio retratou em 1890 os conflitos que nós, os "privilegiados" por viver no século XXI, sentimos tão de perto. Uma análise mais atenta desta obra brasileira nos diz que não é fácil encontrar soluções para problemas antigos, que ao mesmo tempo são tão atuais. Não é preciso ir muito longe pra encontrar vários "ícones" como João Romão, Miranda e "Estalagens de São Romão". A mansão e a Estalagem eram separadas por um muro físico, de concreto, fácil de ser derrubado. Mas o que realmente estava por trás dos tijolos era imenso, talvez um dos maiores muros invisíveis da Literatura Brasileira, que na tentativa de transportar o leitor pra uma realidade fantástica, simplesmente relatou uma das mais cruéis realidades do nosso querido país!



Grande Abraço,

Hugo.

3 comentários:

  1. Muito bom esse post hugão!!É um ótimo exemplo da nossa pesquisa.
    Realmente a questão dos muros invísiveis é muito antiga e é difícil pensar em alguma solução(sem ser utópica) para ela.
    Acho que para o nosso projeto final seria interessante montar um video com as nossas pesquisas, assim como o Fox disse. Acho q eh soh!

    Abraço

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  2. Nice post! Retrata um assunto atual numa das mais importantes literaturas do país. Parabéns!

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  3. Hugo parabens, fiko muito bom, se nao me falha a mamoria nessa epoca estava ocorrendo varias mundaças nas cidades do mundo, privilegiando os mais nobres.
    Coisa que acontece até os dia atuais.
    parabens muito bom

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